segunda-feira, outubro 13, 2008

O teu espelho

Os velhos tempos recordam-me o que nunca chegou a ser nosso. Ficou tão perto que nem queria acreditar. E não acreditei. Tu foste embora e eu fiquei aqui, esperando que voltasses. Fui esquecendo. Comecei pelos sítios que eram nossos, depois pelas palavras que eram nossas e por fim por aquilo que era para ser nosso, mas que nunca foi. Eu olhava no meu espelho tentando imaginar cada vez menos o que o teu espelho via. Eu acreditei até hoje que te tinha esquecido e o meu espelho era o único que sabia.
Esta manhã quando te vi a sair do carro segurando um ramo enorme de flores, parei. O teu andar continua igual, elegante e decidido. Os cabelos, as roupas e os tempos estão diferentes, mas a tua essência continua intocável. Senti, ali mesmo, um desejo. Queria ser o teu espelho. Aquele a quem perguntas todas as manhãs o que deves vestir, se estás gorda, nunca estarias, a maquilhagem que deves usar, quando ensaias o que vais dizer e aquele ultimo olhar secreto que fazes antes de o abandonares. Não fazes isso com mais ninguém. Nem mesmo com o homem que te ofereceu as flores e que acordou hoje ao teu lado com o teu espelho a reconhecê-lo.

Pensando melhor, prefiro viver infeliz olhando o meu espelho.

sexta-feira, outubro 10, 2008

Tenho Pena de Ti

Enquanto Homem há algo que me intriga.
Deixei de ser um Homem no dia em que gritei ao mundo que vou fugir contigo para ser um Homem Feliz. É isto que me faz acreditar que nesse mesmo dia, vais finalmente poder dizer que és uma Mulher Feliz.
Hoje, quando te pergunto se és feliz tu respondes com prontidão e com aquele tom que conheço de cor, "Sim, estou bem". Isso não chega. Para ti também não devia chegar. Mas o que acontece é que tal como tu, toda a gente traça um rumo com base no medo. Tu não mexes em nada para não te perderes. Que pena que eu tenho de ti. Eu hoje posso dizer-te, que quando me beijaste, fiz de ti uma Mulher Feliz; que cada vez que te recordas desse beijo és uma Mulher Feliz; que cada vez que recordas o meu abraço és Feliz. Quando estas nossas lembranças vão embora, para um lugar seguro onde ninguém as possa ver, tu choras; quando pensas em mim sem ser a abraçar-te, tu choras; quando me vês sem estar a abraçar-te, tu choras. Desde que eu exista à tua frente, tu choras porque tens medo.
Isto tem me intrigado ao longo dos nossos tempos separados. A ti não?
Tenho pena de ti.